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Evolução das Taxas de Juro Hipotecárias de Apartamentos nos Últimos 10 Anos em Portugal e a Diferença com a Madeira

Evolução das Taxas de Juro Hipotecárias de Apartamentos nos Últimos 10 Anos em Portugal e a Diferença com a Madeira

Evolução das Taxas de Juro Hipotecárias em Portugal

Nos últimos dez anos, as taxas de juro hipotecárias em Portugal sofreram várias oscilações, influenciadas por fatores internos e externos.

2013-2015: Recuperação Pós-Crise

Após a crise financeira global de 2008, Portugal enfrentou uma grave crise económica e financeira que culminou com a intervenção da Troika (FMI, BCE e CE) em 2011. A recuperação foi lenta, e entre 2013 e 2015, as taxas de juro hipotecárias começaram a cair gradualmente, refletindo uma política monetária expansionista do Banco Central Europeu (BCE) para estimular o crescimento económico. As taxas de juro médias para hipotecas rondavam os 3-4%.

2016-2019: Período de Baixas Históricas

Entre 2016 e 2019, Portugal beneficiou de um contexto económico favorável na zona euro, com uma recuperação robusta e uma política monetária extremamente acomodatícia do BCE, que mantinha as taxas de juro de referência em níveis historicamente baixos. Durante este período, as taxas de juro hipotecárias caíram para mínimos históricos, com muitas hipotecas oferecidas a taxas fixas e variáveis abaixo de 2%. A forte procura por habitação, aliada a condições de financiamento favoráveis, impulsionou um boom imobiliário.

2020-2021: Impacto da Pandemia de COVID-19

A pandemia de COVID-19 trouxe incertezas e volatilidade ao mercado imobiliário e financeiro global. No entanto, em Portugal, as taxas de juro hipotecárias mantiveram-se baixas devido às medidas extraordinárias de estímulo monetário e fiscal adotadas para mitigar os efeitos económicos da pandemia. As taxas variáveis permaneceram próximas de 1%, enquanto as taxas fixas se mantiveram atrativas, próximas de 2%.

2022-2023: Aumento da Inflação e Ajustes do BCE

A partir de 2022, a inflação crescente levou o BCE a ajustar a sua política monetária, iniciando um ciclo de aumento das taxas de juro de referência para controlar a inflação. Este movimento refletiu-se nas taxas de juro hipotecárias em Portugal, que começaram a subir gradualmente. No final de 2023, as taxas variáveis situavam-se em torno de 2-3%, enquanto as taxas fixas atingiam 3-4%, dependendo do prazo e das condições do empréstimo.

A Situação na Madeira

A Madeira, enquanto região autónoma, apresenta características específicas no mercado imobiliário e nas condições de financiamento, influenciadas tanto por fatores locais quanto pelas tendências nacionais.

Mercado Imobiliário da Madeira

O mercado imobiliário na Madeira tem uma dinâmica distinta, marcada por uma elevada procura de estrangeiros e um forte apelo turístico. A região atrai compradores de segunda habitação e investidores interessados em propriedades para arrendamento de curta duração, especialmente nas áreas costeiras e urbanas de Funchal.

Evolução das Taxas de Juro Hipotecárias na Madeira

As taxas de juro hipotecárias na Madeira seguiram, em grande medida, a tendência nacional, mas com algumas variações devido à menor concorrência bancária e especificidades do mercado local:

  • 2013-2015: Similar ao continente, as taxas de juro começaram a diminuir com a recuperação económica. Contudo, devido ao menor número de instituições financeiras na região, as taxas na Madeira tendiam a ser ligeiramente mais altas do que no continente.
  • 2016-2019: O boom imobiliário impulsionado pelo turismo e pela procura estrangeira manteve as taxas de juro competitivas, mas ainda um pouco superiores às do continente, situando-se geralmente entre 0,5 a 1 ponto percentual acima das médias nacionais.
  • 2020-2021: Durante a pandemia, as taxas de juro hipotecárias na Madeira mantiveram-se baixas, mas a incerteza económica levou a uma menor oferta de crédito e a uma maior cautela por parte das instituições financeiras locais.
  • 2022-2023: Com o aumento das taxas de juro pelo BCE, as taxas hipotecárias na Madeira também subiram, refletindo a tendência nacional. No entanto, a subida foi um pouco mais acentuada devido à menor competição entre os bancos e à natureza insular do mercado, com taxas fixas e variáveis geralmente entre 0,5 a 1 ponto percentual acima das do continente.

Conclusão

A evolução das taxas de juro hipotecárias em Portugal nos últimos dez anos mostra uma trajetória de descida acentuada até 2019, seguida por um período de estabilidade durante a pandemia e um recente aumento devido à inflação e à política do BCE. Na Madeira, as taxas seguiram uma tendência semelhante, mas com algumas diferenças marcadas pela dinâmica local e pela menor competição bancária. O mercado imobiliário madeirense, impulsionado pelo turismo e pela procura estrangeira, adiciona uma camada de complexidade às condições de financiamento na região.